domingo, 1 de março de 2015

IDENTIFICADOS LIDERES DE MOTINS EM PRESÍDIOS DO PARÁ

A partir de investigações preliminares e contando com o depoimento de vários detentos, a polícia conseguiu identificar pelos menos 17 líderes do movimento que desencadeou uma série de violência dentro e fora de várias unidades prisionais do Estado, deixando transparecer que facções criminosas se criaram dentro e hoje dominam completamente as cadeias do Pará.Desde o início da semana, havia algo no ar que não era “avião de carreira”, com mensagens trocadas de dentro das cadeias dando conta das insatisfações de presos contra o sistema.

Tanto que foram mobilizadas companheiras e familiares de presos, que fecharam rodovias em protesto, tudo planejado de dentro dos presídios, tendo como foco o CRPP I, II e III em Americano, o PEM I e II em Marituba, o CDPI em Icoaraci e o CRF no Coqueiro. O DIÁRIO teve acesso a uma lista encabeçada pelos detentos Reginaldo Valadares de Souza, vulgo “Periquitinho”; Waldivino do Espírito Santos Pinheiro e Marcos Paulo Monte dos Santos, vulgo “Mosquitinho”, e Walmir Lima da Silva, o “Mancha”, estes custodiados no CRPP I em Americano.No CRPP II, os líderes das manifestações criminosas foram identificados como os detentos Sandoval Xavier de Oliveira, Diego Carvalho Conceição, Eraldo de Moraes Ribeiro, Marinaldo de Loureiro Pires, Gilmar dos Santos Machado, Richard Chamberlain Damasceno, Joel Albino Moreira e Adenilson de Jesus Martins.No CRPP III, que é o chamado de “segurança máxima”, foi citado um detento que seria integrante da famigerada “Equipe Rex”, identificado como Carlos Maciel Pereira da Silva, que foi ouvido separadamente por mais de duas horas e que seria o chefe do movimento nesta ala. Além desses nomes, a policia chegou também a Taurino Lemos Conceição e a Sérgio Roberto Batista de Oliveira, vulgo “Surfista”, e, segundo as informações levantadas pelo DIÁRIO, ainda foram citados Cláudio Fortunato Valente, o “Claudio Macapá”, e como liderança do PEN I em Marituba um detento conhecido como Maciel.

Waldivino do Espírito Santo Pinheiro, ouvido em depoimento, não se cognominou liderança, mas deixou claro que foi escolhido pelos detentos para ser o porta-voz dos presos do CRPP I por ser bem “articulado”. Eles reivindicavam, assim como os outros detentos do complexo, melhores condições na carceragem, revisão e maior celeridade nos processos pela morosidade e falta de andamento dos mesmos.Taurino Lemos Conceição e Carlos Maciel Pereira
também negaram as lideranças, mas deixaram claro que participaram de reuniões porque costumava, ser intermediadores das reivindicações entre os detentos e os diretores, buscando sempre fazer o melhor dentro da ala carcerária.O resultado de todo este motim foi o detento Walison Oliveira da Silva atingido por um disparo de arma de fogo na altura do abdômen, o detento Fernando Queiroz Freitas alvejado por uma bala de borracha em um dos olhos e o preso José Ferreira Maia atingido em uma das pernas por um disparo de arma de fogo, além de 14 policiais militares com ferimentos diversos devido a pedras jogadas pelos detentos.

“QUEBRAR O ELO”

Um especialista em segurança ouvido pelo DIÁRIO disse que a medida mais eficaz para “quebrar o elo” destas facções criminosas seria a transferência de todo o grupo identificado para presídios de segurança máxima existentes no país e uma medida extrema para acabar com a entrada de aparelhos celulares que difundiram informações para fora do presídio.

Reportagem: J. R. Avelar (Diário do Pará)

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