Na tarde de ontem, por volta das
15h30min, peritos do Instituto Médico Legal removeram um corpo de um detento
que foi assassinado e esquartejado dentro da Colônia Penal Agrícola de Santa
Izabel, região metropolitana de Belém, onde ficam custodiados presos do regime
semiaberto. Os restos mortais estavam dentro de 2 baldes plásticos de 20kg. Os
baldes estavam dentro de um buraco de aproximadamente um metro e meio de
profundidade, cavado a cerca de 200 metros de distância do criadouro de suínos,
em uma área de mata secundária.
O corpo esquartejado é de Pablo
Damasceno Marques, de 25 anos, que estava preso na Colônia Penal Agrícola de
Santa Izabel desde o dia 28 de dezembro do ano passado. O corpo foi reconhecido
pelos familiares da vítima por meio de tatuagens. Em uma das mãos, Pablo tinha
tatuado o nome de sua ex-namorada e, na região das costelas, ao lado esquerdo,
Pablo tinha tatuado o nome de sua mãe de criação. A dona de casa Iracema Ângela
Damasceno, de 57 anos, diz ter certeza de que os restos mortais são sim de seu
filho de criação. “É dele sim, tenho certeza. Reconheci pelas tatuagens”,
afirma. Dona Iracema disse que viu seu filho vivo, pela última vez, no domingo,
dia 7 deste mês, durante uma visita na Colônia Penal. “Percebi ele muito preocupado
e com medo de alguma coisa. Perguntei se ele queria ser transferido de lá, mas
ele (Pablo) me disse que tinha assinado um termo de permanência”, relatou a mãe
de criação.
Na saída, a dona de casa disse que
abraçou o seu filho com a esperança de vê-lo novamente na sexta-feira (12),
quando sairia no indulto do Dia das Mães. “Mas na noite de segunda-feira (13)
recebi a informação de que tinham matado meu filho. No dia seguinte fui até a
Colônia Penal, mas lá me disseram que meu filho estava foragido. Eu não
acreditei, meu pressentimento de mãe dizia que meu filho estava morto. Passaram
uma semana negando, mas acabamos descobrindo a verdade. Meu filho era um ser
humano e não merecia ser morto dessa forma tão cruel”, lamentou dona Iracema.
Na época do desaparecimento, a Superintendência do Sistema Penitenciário do
Estado (Susipe) dizia que Pablo teria fugido, inclusive o diretor da unidade
prisional teria ameaçado processar um repórter da RBA TV se caso ele
continuasse divulgando que Pablo havia sido assassinado e esquartejado por
outros internos.
Tudo indica que Pablo Damasceno Marque
seria integrante do Primeiro Comando da Capital, o PCC, e que a morte foi
cometida por integrantes de uma facção rival, o Comando Vermelho (CV),
instalados dentro de presídios do Pará. Antes de ser morto, os rivais de Pablo
o obrigaram a gravar um vídeo dizendo que iria se desligar do PCC e que a
partir daquele dia iria fazer parte da “família” Comando Vermelho. Nas imagens
do vídeo aparece Pablo rasgando a camisa do PCC e fazendo, com as mãos, o
símbolo do Comando Vermelho. Com tudo isso, ainda acabou assassinado de forma
cruel e brutal. O tronco do corpo foi dividido em três pedaços, a cabeça,
braços e pernas foram arrancados. Tudo foi desmembrado.
No IML da cidade de Castanhal, a
família deu entrevista com exclusividade para o Diário. A mãe de criação e mãe
biológica disseram que, até ontem, o Estado, por meio da Susipe, ainda não
havia oferecido nenhum tipo de apoio em relação ao caso. Elas disseram que,
após o velório e sepultamento, irão pensar em processar o Estado, inclusive já
teriam procurado apoio dos Direitos Humanos, Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e do Ministério Público. O caso ficou de ser registrado na 17ª Seccional
Urbana de Polícia Civil de Santa Izabel, para que seja investigado.
Repórter Tiago Silva (Diário do Pará)
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