A partir de investigações
preliminares e contando com o depoimento de vários detentos, a polícia
conseguiu identificar pelos menos 17 líderes do movimento que desencadeou uma
série de violência dentro e fora de várias unidades prisionais do Estado, deixando
transparecer que facções criminosas se criaram dentro e hoje dominam
completamente as cadeias do Pará.Desde o início da semana, havia algo no ar que
não era “avião de carreira”, com mensagens trocadas de dentro das cadeias dando
conta das insatisfações de presos contra o sistema.
Tanto que foram mobilizadas
companheiras e familiares de presos, que fecharam rodovias em protesto, tudo
planejado de dentro dos presídios, tendo como foco o CRPP I, II e III em
Americano, o PEM I e II em Marituba, o CDPI em Icoaraci e o CRF no Coqueiro. O
DIÁRIO teve acesso a uma lista encabeçada pelos detentos Reginaldo Valadares de
Souza, vulgo “Periquitinho”; Waldivino do Espírito Santos Pinheiro e Marcos
Paulo Monte dos Santos, vulgo “Mosquitinho”, e Walmir Lima da Silva, o
“Mancha”, estes custodiados no CRPP I em Americano.No CRPP II, os líderes das
manifestações criminosas foram identificados como os detentos Sandoval Xavier
de Oliveira, Diego Carvalho Conceição, Eraldo de Moraes Ribeiro, Marinaldo de
Loureiro Pires, Gilmar dos Santos Machado, Richard Chamberlain Damasceno, Joel
Albino Moreira e Adenilson de Jesus Martins.No CRPP III, que é o chamado de
“segurança máxima”, foi citado um detento que seria integrante da famigerada
“Equipe Rex”, identificado como Carlos Maciel Pereira da Silva, que foi ouvido
separadamente por mais de duas horas e que seria o chefe do movimento nesta
ala. Além desses nomes, a policia chegou também a Taurino Lemos Conceição e a
Sérgio Roberto Batista de Oliveira, vulgo “Surfista”, e, segundo as informações
levantadas pelo DIÁRIO, ainda foram citados Cláudio Fortunato Valente, o
“Claudio Macapá”, e como liderança do PEN I em Marituba um detento conhecido
como Maciel.
Waldivino do Espírito Santo
Pinheiro, ouvido em depoimento, não se cognominou liderança, mas deixou claro
que foi escolhido pelos detentos para ser o porta-voz dos presos do CRPP I por
ser bem “articulado”. Eles reivindicavam, assim como os outros detentos do
complexo, melhores condições na carceragem, revisão e maior celeridade nos
processos pela morosidade e falta de andamento dos mesmos.Taurino Lemos
Conceição e Carlos Maciel Pereira
também negaram as lideranças, mas deixaram
claro que participaram de reuniões porque costumava, ser intermediadores das
reivindicações entre os detentos e os diretores, buscando sempre fazer o melhor
dentro da ala carcerária.O resultado de todo este motim foi o detento Walison
Oliveira da Silva atingido por um disparo de arma de fogo na altura do abdômen,
o detento Fernando Queiroz Freitas alvejado por uma bala de borracha em um dos olhos
e o preso José Ferreira Maia atingido em uma das pernas por um disparo de arma
de fogo, além de 14 policiais militares com ferimentos diversos devido a pedras
jogadas pelos detentos.
“QUEBRAR O ELO”
Um especialista em segurança
ouvido pelo DIÁRIO disse que a medida mais eficaz para “quebrar o elo” destas
facções criminosas seria a transferência de todo o grupo identificado para
presídios de segurança máxima existentes no país e uma medida extrema para
acabar com a entrada de aparelhos celulares que difundiram informações para
fora do presídio.
Reportagem: J. R. Avelar (Diário do Pará)
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